terça-feira, 11 de setembro de 2012

Mulheres de Salvador Dalí

Excêntrico, espanhol, surrealista. Um dos mais famosos artistas dos anos 50, Dalí, ao mesmo tempo que participa da mostra Fantastic Art, Dada and Surrealism (1936) que consagrou o surrealismo, mais tarde é supostamente expulso do grupo, por suas tendências políticas e exibicionismo.

A Madona de Port Lligat, 1950


Salvador Domingo Felipe Jacinto Dali i Domènech, conhecido apenas por Salvador Dalí, nasce em Catalunha em 1904, e entra na Residencia de Estudiantes em Madri 17 anos depois, conhecendo Federico Garcia Lorca e Luiz Buñuel.

Apesar de Dalí sempre ter negado o envolvimento, há indícios de que o artista e Lorca tenham se envolvido num romance (como no filme Pequenas cinzas, de Paul Morrison).

O artista admitia ter certas dificuldades com a temática 'sexo', em alguns de seus textos autobiográficos. Alguns psicanalistas supõem que isso deve-se ao fato dele ter sido batizado com o mesmo nome de seu irmão falecido - podendo o fato de ter "substituído" o morto desencadeado em certa perturbação - assim como a presença do pai autoritário e hostil a suas inclinações artísticas.

Percebe-se como recorrente em sua obra surrealista e simbolista a temática do sexo - levando seu trabalhos a teorizações psicológicas e psicanalíticas diversas.

O mel é mais doce que o sangue, 1927

Sonho causado pelo vôo de uma abelha ao redor de uma romã, um segundo antes de despertar, 1944

O sonho, 1940

O Grande Masturbador, 1929

Na década de 30, depois das colaborações com Luis Buñuel em seus trabalhos, Dalí desenvolve maior relação com o cinema e chega a Hollywood. Foi provavelmente nessa época que o artista conheceu Mae West, a atriz sex simbol que declarou o famoso "Quando sou boa, sou ótima. Mas quando sou má, sou melhor ainda", e também quando produziu a colagem sob uma revista Retrato de Mae West, Podendo Ser Utilizado como Apartamento Surrealista. A utilização de atriz famosa para produção de arte lembra a Marilyn de Andy Warhol, três décadas depois.


Atriz Mae West
Retrato de Mae West, 1934 - 1935



















Salvador Dalí afirmava desejar pintar com a máxima naturalidade e da maneira mais normal possível (em apresentação no Salon d'Automne de Barcelona em 1927). Principalmente a partir do segundo pós-guerra, ele procurava unir a estética do surrealismo à grande tradição pictórica. É o que se percebe em obras de cunho religioso como A Madona de Port Lligat (a primeira imagem do texto) e em O Toureiro Alucinógeno. Nessa segunda, podemos perceber a apropriação da imagem da Vênus de Milo, consagrada na História da Arte. 


Sobre a mudança de temática de Dalí nessa fase de sua carreira para figuras católicas, Osbert Lancaster afirma em uma análise que "é como se um caixeiro viajante que oferece sempre 'nus artísticos' tenha, improvisadamente, mudado a sua mercadoria para santinhos em miniatura". O mesmo tipo de crítica se estende ao próprio Breton, que fez um anagrama do nome do artista: "Avida Dollars" (ávido por dólares), devido à figura reacionária e antidemocrática construída por ele na época.


O Toureiro Alucinógeno, 1968 - 1970


Gala e Dalí
Entre 1928 e 1929, enquanto o surrealismo tomava forma definitiva, Dalí conheceu Gala Éluard, com quem se casaria oficialmente em 1934. A partir daí, pode-se dizer que Dalí encontra a modelo de seus quadros, a companheira do cotidiano, a parceira de sexo e a esposa da vida. Gala seria tantas mulheres em suas obras e apenas uma em sua vida. O artista afirma em As paixões segundo Dalí que “Ela é a única em que esporro, num orgasmo rápido  e perfeito,  povoado  de  imagens arquiteturais  de  uma beleza sublime: campanários, principalmente”. Dalí e Gala eram como elementos da natureza que se complementam: ele, com sua criatividade fantástica e vívida, e ela, mais contida em certo calculismo e frieza. 


Dalí nu em contemplação diante de cinco corpos regulares metamorfoseados em corpúsculos, nos quais aparecem repentinamente a Leda de Leonardo cromossomizada no rosto de Gala, 1955
Galatea de esferas, 1952

Leda atômica, 1949


Galarina, 1945
Dalí morreu em 1989, depois de sete anos de sofrimento pela morte da esposa e mulher de sua vida.

Apresentado em 1938 a Sigmund Freud por Stefan Zweig como "o único pintor de atitude de nossa época, o mais fiel e devoto às suas ideias" e como o "principal expoente da frívola corrente do multiforme surrealismo" pela revista The Art Digest em 1937, Salvador Dalí impressiona até hoje por sua temática onírica e delicadeza da forma, assim como por sua personalidade excêntrica. 


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